A era do home office que tanto facilitou a vida de milhões de pessoas durante a pandemia trouxe à tona uma outra necessidade não valorizada até então: a convivência.
Trabalhar em casa – o chamado home office – aderido por milhões de pessoas e empresas durante a pandemia, trouxe uma nova forma de trabalhar. A flexibilidade de horários, o contato com a família, o ambiente de casa foram inicialmente as principais vantagens. Com a retomada das atividades pós-pandemia, quem ficou no home office começou a sentir a pressão de misturar a rotina de trabalho com a de casa, além de sentir falta da convivência social, ou seja o contato com outras pessoas.
Foi o que aconteceu com Alberto Neto Brocardo Randon, 26 anos. O jovem atua em home office desde 2022 como Analista de BI. “O home office tem seus prós e contras. A parte boa é que posso estar em um ambiente mais confortável, ter a possibilidade de organizar meu tempo, conforme minhas necessidades. Mas sinto falta de tomar um café com os colegas de trabalho e da possibilidade de resolver problemas em conjunto de forma mais dinâmica e eficiente, bem como reuniões em presencial”, fala.
Segundo a Psicóloga Clínica e Organizacional, Loiane Martins, estar em home office pode ser bastante desafiador para a maioria das pessoas, já que o ser humano é um ser essencialmente social. “Em home office os relacionamentos se distanciam mais e problemas que antes era só virar a cadeira para falar com quem resolve, agora é preciso agendar uma reunião ou esperar uma resposta de e-mail, toda troca que poderia existir até mesmo nas conversas do cafezinho, ideias, soluções não existem mais, quantos negócios, projetos não são idealizados no corredor, elevador…”, enfatiza a psicóloga.
Diante desse cenário, esse isolamento do home office pode acarretar em baixa motivação e produtividade. “Nosso ambiente também é fator determinante para alta performance profissional até o simples fato de se arrumar e sair para trabalhar é um ato simbólico e gera comportamento diferente em nós, saímos para buscar a provisão, e a casa simbolicamente é o lugar do descanso e não da luta”, explica Loiane.
Nesse sentido a busca por espaços de coworkings é uma ótima alternativa para sair do isolamento. “Quando falamos em produtividade e saúde emocional no trabalho estamos falando na qualidade destas relações, o quanto eu consigo me relacionar bem com estes pares, quanto consigo impactar a sociedade com meu negócio”, enfatiza a psicóloga.
Coworkings – uma nova forma de trabalhar
Para Nayara Capile Siglinski, sócia-fundadora do Gaia, os coworkings estão revolucionando a forma como as pessoas trabalham, oferecendo espaços de trabalho flexíveis, colaborativos e inspiradores para profissionais de diversas áreas. “Esses espaços permitem que os profissionais trabalhem de forma mais eficiente e produtiva, além de proporcionar oportunidades únicas de networking, colaboração e economia dos custos”, explica Nayara.
Entre as principais vantagens estão:
Flexibilidade e economia: os profissionais podem escolher entre diferentes tipos de espaços e planos de uso, de acordo com suas necessidades e orçamento. Além disso, os coworkings geralmente oferecem infraestrutura completa, incluindo internet de alta velocidade, salas de reunião equipadas e áreas de convivência, o que representa uma economia significativa em comparação com a manutenção de um escritório tradicional.
Networking e colaboração: ao compartilhar o espaço com profissionais de diferentes áreas e empresas, os coworkings criam um ambiente propício para a troca de experiências, conhecimentos e contatos. Isso pode resultar em parcerias comerciais, novas oportunidades de negócios e até mesmo novas amizades.
Estímulo à criatividade e produtividade: a diversidade de ambientes de trabalho, a possibilidade de interação com pessoas de diferentes áreas e a atmosfera colaborativa contribuem para um ambiente inspirador e motivador, que favorece a geração de ideias e a realização de projetos inovadores.
Dados do setor
Segundo o Censo Coworking 2023 da WOBA, entre 2019 e 2023, a quantidade de coworkings aumentou 63% no Brasil, nos últimos anos. Até o fim do ano passado a Woba contabilizava 2.443 espaços distribuídos por todo o país, o que reflete uma adesão crescente ao modelo de escritório compartilhado.
Em Itajaí, o Gaia Coworking é exemplo dessa tendência: em menos de dois anos já são duas unidades para atender a demanda. A mais nova unidade foi inaugurada no início de 2024. Segundo Bruna Narloch, sócia-fundadora do Gaia, a demanda foi aparecendo e a oportunidade de ampliar também. “Diante do que o mercado vem nos mostrando, temos a intensão de ser o maior e melhor Coworking da região, com uma estrutura diferenciada e moderna para atender todos os públicos. Hoje temos cerca de 200 clientes ativos por mês”, fala Bruna.